Porque festejamos o fim do ano agora?

30-12-2010 01:01

 

                Alguma vez se questionou acerca da origem do nosso calendário? É sabido que a sua origem corresponde ao ano do nascimento de Cristo. Contudo, nem sempre foi assim, e o calendário que hoje rege as nossas vidas e acontecimentos foi alvo de várias apreciações matemáticas.

                Os ciclos que geram, de certo modo, ordem nas nossas actividades, têm as suas origens na astronomia. O ciclo do dia solar é o mais óbvio e simples, o ciclo lunar foi muito importante nas civilizações antigas, mas o que hoje em dia é utilizado é o ciclo solar. A necessidade de adoptar um ciclo solar, surge da necessidade de acertar as estações do ano.

                Os primeiros calendários a ser utilizados tinham como base o ciclo lunar, isto é, as diversas fases da lua em torno da Terra, tendo o inicio do mês a cada lua nova. Os ciclos sazonais regulavam a vida das civilizações antigas e o calendário lunar não ia de encontro às necessidades agrícolas. O ano lunar padece do problema de não conter um número inteiro de meses. O problema foi-se agravando e deve-se à civilização egípcia a introdução do calendário com base no ciclo solar, num total de 365 dias, tal como hoje o conhecemos. Verificou-se que o calendário solar tinha um desvio de 6 horas, contudo, os astrónomos egípcios que pertenciam a uma duradoura civilização, resolveram o problema com a introdução de mais um dia de quatro em quatro anos.

                Nos tempos do grande império romano, Júlio César resolveu chamar um sábio de Alexandria para desenvolver um novo calendário e resolver uma série de problemas em Roma. Em 45 a.C. é instaurado o ano 1, com 365 dias e um dia a mais de quatro em quatro anos. A esses anos é dado o nome de bissexto. Chama-se de calendário juliano por ter sido instaurado pelo grande imperador.

                Portugal adoptou em 1422 por D. João I, o mesmo calendário que já havia sido adoptado pela Igreja Católica e que se manteve inalterável até ao século XVI, altura em que surge a fulcral alteração proposta pelo monge Dionísio, para se alterar o ano 1 no ano do provável nascimento de Cristo. A sua promulgação deve-se ao papa Gregório XIII e vigora desde 1582. Conta já com algumas alterações, foi reposto o dia 21 de Março com o equinócio da Primavera, que deu lugar à supressão de dez dias, com base nos estudos apresentados pelo astrónomo Aluise Lilio e o cosmógrafo Cristovão Clavius. No sentido de evitar futuros desfasamentos também foi necessário anular alguns anos que haviam sido bissextos. A regra que permitiu anular foi a de anular todos os anos múltiplos de 100 à excepção de todos os anos divisíveis por 400, que continuam a ser mantidos como anos bissextos. Estas novas introduções irão dar lugar a mais um desfasamento no ano de 4909. Até lá, feliz 2011!