Em que consiste a "tal" radiação libertada?

03-05-2011 23:43

                O medo inerente às ameaças nucleares nasce da preocupação dos males que a radiação nuclear provoca no ser humano. Muitas vezes faz parte do desconhecido, mas afinal, o que é esta radiação maldita. Sabemos que prejudica gravemente a saúde mas desconhece-se qual a origem da radiação, ou mesmo, o que é isto da radiação. É de salientar que quando se refere radiação prejudicial que pode eliminar as células cancerígenas ou servir de combustível para os reactores nucleares, apenas diz respeito à radiação de alta energia denominada radiação ionizante e não a radiação que é emitida pelos telemóveis ou pelos microondas.

                A radiação surge do fenómeno do decaimento de núcleos atómicos instáveis para outros, no sentido de estabilizar o núcleo atómico. O átomo é um sistema estável, quer ao nível físico como ao nível eléctrico. No entanto, existem alguns casos em que os átomos não se encontram nesse estado de equilíbrio, portanto, no sentido de encontrarem a estabilidade eles emitem vários tipos de radiação. Essas radiações podem depender consoante os átomos em questão. Podem ser facilmente bloqueadas, mesmo com uma simples folha de papel, ou no caso mais extremo, só é travada com o uso de chumbo como escudo protector. Dos múltiplos tipos de radiação, são focados apenas três, a radiação alfa, a radiação beta e a radiação gama.

                Como já referi, a radiação surge da necessidade do átomo encontrar estabilidade. Desse processo surge a radiação, se o átomo for pesado, se o seu núcleo for bastante grande, isto é, se a massa atómica for elevada, o número de protões e neutrões for elevado, a forma mais simples e mais rápida de se estabilizar é libertar dois protões e dois neutrões do núcleo. Em casos onde ocorre a radiação alfa, grandes concentrações de protões e neutrões no núcleo impossibilitam a estabilidade do núcleo. A radiação resultante é pouco penetrante na matéria, visto ter uma massa relativamente grande. A velocidade da radiação alfa apesar de lenta comparada às outras formas de radiação, é a mais energética, atinge velocidades de 20 000 km/s. A quando da manutenção dos reactores nucleares nas centrais, os técnicos usam uma indumentária à base de papel, o suficiente para bloquear a radiação resultante da fusão nuclear que alimenta o reactor nuclear.

                No caso de o número de protões no interior do núcleo for bastante inferior ao número de neutrões, o processo de estabilização do núcleo ocorre pela libertação de um electrão, possibilitando a transformação de um neutrão num protão, no sentido de estabilizar a carga eléctrica no núcleo. A este fenómeno dá-se o nome de radiação beta. É um tipo de radiação mais penetrante que a radiação alfa, pois a radiação libertada é um electrão que possui uma massa bastante pequena e com carga eléctrica negativa. Contudo, essa carga pode ser positiva ou negativa. Se for negativa a radiação é composta por um electrão, no caso de a radiação apresentar uma carga positiva a partícula libertada assume o nome de positrão. Esta radiação com carga eléctrica positiva surge da necessidade de estabilização da carga eléctrica do núcleo quando o número de protões é superior ao número de neutrões. O positrão surge da transformação de um portão num neutrão, contrariamente à formação de um electrão. A partícula radiante emitida do núcleo, um electrão ou um positrão, não pertencem à nuvem electrónica envolvente do núcleo. Os electrões que orbitam o núcleo permanecem inalteráveis. A passagem de um protão num neutrão gera energia cinética e a consequente formação de uma partícula resultante, a radiação beta. A velocidade deste tipo de radiação anda muito perto da velocidade limite no Universo, atingindo em algumas situações cerca de 95% da velocidade da luz.

                O fenómeno mais perigoso no que diz respeito à radiação de energia extremamente elevada, é o caso em que a radiação resultante não é sob a forma de matéria mas sim na forma de onda de luz, fotão. Como não tem massa a radiação é extremamente penetrante, um simples raio gama é capaz de atravessar o planeta Terra com facilidade, por isso, imagine-se o que é capaz de fazer no corpo humano. A radiação gama é utilizada na medicina, servindo de ferramenta que ajuda na eliminação de células cancerígenas, contudo, ela também é prejudicial às células sãs, pelo que é necessário uma minuciosa perícia ao manusear este tipo de radiação. O raio gama resulta do fenómeno resultante da libertação do núcleo de uma partícula beta em busca da estabilidade nuclear. Se da emissão do electrão do núcleo atómico ainda restar energia, ela é libertada sob a forma de fotão altamente energético, apenas detido por paredes de chumbo de grande espessura. O comprimento de onda desta radiação é extremamente pequeno, o que impossibilita até ao momento o estudo minucioso da natureza ondulatória deste tipo de radiação. A velocidade dos raios gama é de 300 000km/s, a velocidade da luz.

                Apenas uma pequena parte da radiação a que estamos sujeitos no quotidiano, é de origem artificial. Nessa pequena parcela de radiação constam as exposições a que estamos sujeitos em exames médicos, testes e energia nuclear e outros tipos de radiação, tais como por exemplo, a presente em pequenos detectores de fumo que podemos instalar em fábricas, centros comerciais, etc. Estes engenhos contem um material radioactivo que facilita a passagem de carga eléctrica na atmosfera entre dois polos eléctricos, a presença de fumo na atmosfera irrompe esta passagem de corrente e o alarme é activado.